O surto da doença (COVID-19) causado pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2),
com seu primeiro caso notificado no Brasil em 26 de fevereiro de 2020, trouxe não
apenas medidas novas de controle extremamente importantes como também muitas
dúvidas e inseguranças.
Importante saber que além do quadro respiratório agudo, a COVID-19 tem sido
associada a um número significativo de complicações cardiovasculares, atingindo
cerca de 16% dos pacientes acometidos pela infecção, ocorrendo em 20% a 30% dos
pacientes hospitalizados e contribuindo para até 40% das mortes.
A maioria dos pacientes com COVID – 19 que apresentam alterações nos
exames cardiológicos possuem ou tiveram sintomas típicos da infecção incluindo
tosse, febre, mialgia, cefaleia e dispneia.
As causas da lesão miocárdica em pacientes com COVID são: miocardite,
lesão por hipóxia, miocardiopatia por estresse (Takotsubo), lesão por doença
isquêmica coronariana (ruptura de placas ateroscleróticas ou desbalanço oferta
demanda), doença microvascular, vasculites de pequenos vasos, cor pulmonale
(causado por tromboembolismo pulmonar), síndrome da resposta inflamatória
sistêmica.
Foram descritas complicações cardiovasculares, como lesão miocárdica (20%
dos casos), arritmias (16%), miocardite (10%), além de insuficiência cardíaca
congestiva (ICC) e choque (até 5% dos casos).
As possíveis sequelas do comprometimento cardíacos podem gerar um
substrato arritmogênico no miocárdio, podendo afetar desde o desempenho físico até
a maior ocorrência de morte súbita (MS) durante o exercício. Assim, atletas ou
pacientes sem prática regular de atividade física, necessitam de avaliação cardiológica
após a doença, antes do retorno ou início de novas modalidades de atividade física.
Principalmente porque a maioria das pessoas parou ou reduziu seu treinamento físico
durante a pandemia, sendo assim, ainda mais recomendável que, antes de retomá-la,
sejam submetidas à nova avaliação.
Sendo assim, recomendamos que todos aqueles que tiveram COVID-19,
assintomáticos ou não, passem por avaliação médica, preferencialmente cardiológica,
incluindo pelo menos anamnese, exame físico e eletrocardiograma de repouso de 12
derivações. Como o maior risco de MS está relacionado com maior intensidade do
exercício, as recomendações de exames complementares na avaliação são diferentes
conforme a prática esportiva.